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 Floresta Protegida

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Louise Perrin Rosseau
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Louise Perrin Rosseau

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MensagemAssunto: Floresta Protegida   Floresta Protegida Icon_minitime13/4/2020, 17:29

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Alicia Harrison Klaxfor
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MensagemAssunto: Re: Floresta Protegida   Floresta Protegida Icon_minitime21/5/2020, 01:01


Era a primeira noite da detenção, e Alicia se preparou para a noite fria que passaria na floresta. Claro que Ethan estaria lá, o que se tornava um pouco incoerente, já que estava em detenção justamente por estar com ele. Bem, não só por estar com ele... Estremeceu ao lembrar do olhar de reprovação da professora ao encará-la dentro daquele barco. Trocou o short por uma calça escura justa que, além de aquecê-la, valorizava suas curvas. Afinal, não era porque estava indo cumprir uma detenção que iria se vestir de qualquer jeito. Como já dissera, Ethan estaria lá e já bastava aquele uniforme horrível que usava durante a maior parte do ano, que não a valorizava em nada. Pegou a mesma mochila que levara para o lago naquela manhã e jogou sobre o ombro direito, se dirigindo para a porta da barraca. – Lá vai a mais nova vadia da Sonserina. – Ouviu, junto com algumas risadas e se virou para ver de onde vinha aquele insulto horrível. “Claro”. Bree e suas seguidoras a encaravam de uma das mesas usadas para as refeições com aquele olhar vitorioso que ela odiava. – Aí vai um conselho de graça para você, queridinha. Se vai começar a fazer essas coisas, não seja pega. – Suas clones riram mais ainda, e Alicia bufou e virou as costas. Não valia a pena. Segurou forte as alças de sua mochila e voltou a caminhar, agora mais rápido, diante dos olhares curiosos e mais outras risadas. “Esse tipo de notícia se espalha mais rápido do que pó de flu”.

Por sorte, fora da barraca, ninguém pareceu reparar nela. Achou que seria arriscado ir chamar Ethan na barraca dos meninos, então, resolveu seguir direto para a entrada da floresta, onde a professora havia marcado que começassem as tarefas. Parece que a coisa empolgante que fariam durante as próximas horas era recolher algumas plantas para uma atividade que seria feita em alguns dias. Não tivemos nenhuma maior informação a respeito. Já podia avistar as árvores do início do bosque, então Alicia olhou ao redor para ver se Ethan estava apoiado em alguma delas ou sentado em algum lugar, mas nada. Foi quando levou um susto com alguém que quase pulou em cima dela. Pensou que poderia ser Ethan tentando fazê-la rir diante daquela situação constrangedora, mas não. – Roy! Você quer me matar do coração? – Certo, Alicia estivera “fugindo” dele desde que chegaram ali porque, por algum motivo, Roy pensara que eles iriam juntos ao acampamento e, em um certo momento, Alicia até chegou a considerar. Pelo menos, até Ethan a convidar. Depois disso, tivera vergonha de conversar com ele. Como deveria fazer isso? “Olha, Roy, eu vou te trocar pelo Ethan porque ele é o amor da minha vida e sempre foi a prioridade, mesmo que ele não se lembre de mim”. – Só assim para conseguir falar com você. Se eu não te conhecesse, diria que está me evitando. – Ele sorriu de lado de um jeito brincalhão, mas ainda assim, mantendo um ar sedutor. Não, Roy, definitivamente, não era um rapaz feio e essa nunca fora a questão. Se ela não amasse tanto o Ethan...

- Te evitando? Claro que não! Por que eu faria isso? – Alicia sorriu um pouco nervosa e cruzou os braços, voltando a olhar ao redor. Só faltava essa, saírem falando que ela estava fazendo rodízio de meninos. Ou pior, Ethan chegar ali e entender tudo errado. – Certo... Então, por que não me contou que viria com o Ethan? – Ele cruzou os braços também, dando um passo a frente, e a fazendo dar um passo atrás instintivamente, o que o fez arquear as sobrancelhas. – Está com medo de mim, Alicia? – O olhar brincalhão fora substituído pela confusão. – Medo? – Pronto, agora estava parecendo uma tapada repetindo a as coisas. – Não, eu não estou com medo de você, Roy, que ideia! Não te contei porque não tive tempo. Ele me chamou em cima da hora, foi inesperado. – Deu de ombros e andou um pouco a frente, fingindo estar olhando algo no bosque. – Ele te chamou em cima da hora... E, claro, você não hesitou em correr para os braços dele assim que ele estalou os dedos. – Alicia virou e encarou Roy, com uma expressão chocada. – Roy! Como assim? É o Ethan. - Como ele ousava falar daquele jeito sabendo de tudo o que ele sabia? – Não é o Ethan! – Deu um passo atrás diante do aumento do tom de voz do garoto, agora, um pouco mais assustada. – Ele não é o seu Ethan, Alicia... – Roy respirou fundo, tentando se recompor. – Olha, ele não lembra de você, não lembra de nada do que viveram. Ele não nutre os mesmos sentimentos de antes. Você sabe disso, não sabe? – Era inacreditável! – Você não sabe nada sobre o Ethan! Não sabe nada sobre nós. – Seu olhar estava cheio de dor. Nunca Alicia pensara que Roy poderia ser tão mesquinho ao dizer aquelas coisas. Jogar na sua cara a amnésia de Ethan depois de tudo o que ela sofreu?

– Ah, eu fiquei sabendo. Na verdade, o acampamento inteiro sabe! – Ele ergueu os braços, indicando a direção da clareira e das barracas. – O que eu não sabia é que você fazia esse tipo de garota... – Foi tão rápido que Alicia só tomou ciência do tapa que dera no rosto do sonserino depois que já tinha acontecido. – Eu amo o Ethan. – Respondeu com a voz trêmula. – E ele me ama. – Apesar do choque pelo tapa recebido, Roy soltou uma risada ao ouvir a última frase. – Uma história hipotética: eu acordo na enfermaria sem saber por que e encontro uma garota linda... – O olhar dele desceu um instante pelo seu corpo, o que fez Alicia voltar a cruzar os braços, incomodada. - ...grudada na beira da minha cama alegando ser minha amiguinha de infância. Aí, essa garota cola em mim cheia de amor para dar. Eu não lembro nada sobre ela, mas ela até que é legal, inteligente, divertida e eu já disse o quanto ela é linda? – Roy cruzou os braços, ostentando um sorriso irônico. – Me diga, Alicia, o que eu devia fazer? Afastar essa garota e mandar ela fazer novos amigos ou aproveitar a oportunidade? Pois vou te dizer o que o seu tão adorado Ethan está fazendo. – O sonserino deu dois passos a frente, quase se curvando sobre ela, que agora já tremia com a situação. – Ele está aproveitando a oportunidade e você está dando de bandeja tudo o que ele quer. – Alicia fez menção de dar as costas e ir embora, mas Roy agarrou seu braço antes que ela pudesse fazê-lo, a forçando a olhar para ele. – Me solta, Roy! - Ela forçou o braço, sem muito sucesso.

– Se tem tanta certeza sobre os sentimentos dele, por que não contou a verdade? – Os olhos de Alicia se arregalaram. – Por que não contou para ele tudo o que aconteceu naquele dia? Vai lá, conta para ele! – Ele soltou seu braço e Alicia começou a correr em direção a floresta, as lágrimas correndo por suas bochechas. – Joga em cima dele o peso da verdade! Vamos ver se ele vai continuar tão amiguinho... – Os gritos do sonserino ficaram para trás, e Alicia continuou correndo sem ver para onde ia até tropeçar em um tronco e cair no chão. O choro eclodiu ali em meio a terra e as folhas que grudaram em suas roupas. Como ele pôde ser tão cruel? Não era verdade, não podia ser! “Ethan me ama. Ele me esqueceu, mas o amor não pode ser esquecido, estava lá dentro dele em algum lugar.” Era o que Alicia repetia para si mesma ao se esgueirar para trás de uma árvore e abraçar os próprios joelhos, desejando que aquele tronco abrisse e a escondesse de tudo aquilo. Se Roy estivesse certo? O que ela ia fazer?


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Ethan Löhn. kavanaugh
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MensagemAssunto: Re: Floresta Protegida   Floresta Protegida Icon_minitime26/5/2020, 02:00

'' Não sei se digo bem feito ou se te venero por isso.. '' Dizia James deitado em sua cama enquanto brincava com a varinha enfeitiçando o estrado da cama de cima, e Ethan se agasalhava pro frio que enfrentaria na floresta ao cumprir a detenção dada por Cheryl após o pequeno flagra do lago. Apenas respirou fundo pensativo e não se dando por satisfeito, o amigo insistiu: '' Aaaah qual é, cara?! O que é uma detenção perto da lenda que você vai virar depois que os boatos se espalharem? Se é que já não tenha acontecido, quando a fofoca é boa parece erva daninha. '' E o aquele comentário conseguiu irrita-lo. Em outra época, talvez o sonserino risse e concordasse, mas as coisas haviam mudado. A ultima coisa que desejava era chamar atenção para si e muito menos para Alicia. Sentia-se péssimo ao imaginar como ela estaria depois da vergonha que passou. Enfim, optou em apenas ignorar o amigo, e assim, colocou sua mochila nas costas antes de deixar a barraca.

Frio!! Muito frio! Encolheu-se no casacão contente por tê-lo trazido pro acampamento. ''Uma ótima noite pra gelar tanto!'' Pensou sarcástico se enfiando no bosque onde encontraria Cheryl e Alicia para cumprirem seu castigo. Estranhou não tê-las encontrado de imediato, o que o fez pensar que deveria estar adiantado. — Bonito, Ethan.. Você se atrasa num dia de prova mas pra detenção tem que ser o primeiro a chegar. — Resmungou para si em seu tom amargurado, ouvindo apenas o som das folhas estalarem sob suas pegadas quando uma segunda e uma terceira voz surgia ao longe. Uma delas Ethan conhecia bem, Alicia! Mas a outra.. Um cara? Num impulso escondeu-se atrás de uma árvore mais robusta afim de saber quem era o garoto que vinha junto e porque.

''Roy?'' Franziu o cenho confuso ao identifica-lo. Será que havia feito algo também e os acompanharia naquela tarefa noturna? Então, o que parecia ser uma conversa amistosa entre dois bons amigos tomou outro um rumo inesperado. ''Está com medo de mim, Alicia?'' Aquelas palavras fizeram o sonserino fechar o punho desejando revelar-se e acalmar os ânimos dos dois. Conteve-se. Não correria o risco de parecer bisbilhoteiro e imaginou que a garota estaria acostumada a lidar com aquele tipo de babaquice. ''– Ele não é o seu Ethan, Alicia...'' Aquela conversa ficava cada vez mais estranha. ''Como assim os mesmos sentimentos de antes?'' Então aquele comentário trouxe de volta a memória do breve questionamento que fez para si mesmo enquanto estavam no lago. — Isso já aconteceu antes? — Sussurrou pasmo com a possível verdade naquelas palavras mas não conseguiu manter o raciocínio enquanto persistia em ouvir o avançar da discussão.

Um estalo quase ecoou entre as árvores e o coração do garoto apertou sabendo que Alicia revidara às palavras rudes de Roy. Ao mesmo tempo o orgulho preencheu cada canto de seu corpo. Ela sabia muito bem se defender, e, ela o amava. Mas, será que ele a amava? Antes de tudo ou até mesmo naquele instante. Não sabia exatamente o que sentia, apesar de ser forte e incontrolável, mas julgava ser ainda muito recente. Ou estava enganado e aquilo tudo não tinha nada de recente?! A discussão tomou um tom de briga e o bruxo se preparava para sair de trás da árvore a qualquer momento, sentindo seu coração acelerar em batidas fortes, e a adrenalina que percorria seu corpo como se ele também estivesse fazendo parte daquela briga. Então Alicia passou correndo sem perceber sua presença e aquele que se dizia seu amigo insistiu em gritar o que seria o ponto final.

O enorme casaco tornou-se indispensável no momento em que o sangue subia a cabeça e seus olhos pareciam pegar fogo. ''PORRA!'' A vontade de atingi-lo era imensa e arrependeu-se por não ter trazido sua varinha. Seguiu na direção das vozes que ouviu e Roy parecia voltar em sentido ao acampamento.. — HEI, SEU BABACA? — Chamou ao aproximar-se, puxando-o pelo ombro num movimento brusco e sabia que o pegaria desprevenido. ''Foda-se!'' Apanhou impulso do punho ainda cerrado e com toda a força que conseguiu juntar, atingiu em cheio a boca dele. O assistiu desmoronar no chão. Sabia que aquela altura a garota estaria longe de mais pra ouvir qualquer coisa. — Então quer dizer que você é valentão pra falar com as garotas, não é mesmo? — Dizia severo ao rodear. — E o que acha de ser valentão agora? Vamos.. LEVANTA! — Ordenou irado, pronto para mais. Mas, parecendo surpreso e ao mesmo tempo assustado, Roy não ousou mover-se um centímetro a não ser pela ação de levar a mão ao queixo. — Foi o que eu pensei.

Deu as costas largando-o ali, dessa vez seguindo o caminho que Alicia fizera, esperando conseguir encontra-la. Ouvia algo diferente do soprar da noite contra a folhagem no chão e de seus passos lentos mais a fundo do bosque. — Ali? —Chamou. As palavras dela e do amigo ainda martelavam em sua mente, e apesar de querer respostas, não sabia exatamente o que diria ou sequer como a confortaria. — Alicia, sou eu.. — Insistiu e por fim deparou-se com aquela cena de cortar o coração. Engoliu em seco agora mais desconcertado do que nunca, sentindo finalmente a dor latejante na mão que usara pra esmurrar o sonserino. — Eu sinto muito. — Foi a única coisa que conseguiu dizer com a voz embargada. Tendo então a atitude de sentar ao seu lado e puxa-la num abraço que a fizesse se sentir reconfortada. — To aqui pra você! — Murmurou depositando um beijo fraterno no topo de sua cabeça, apertando-a mais em seus braços. Sabia que ela não fazia ideia do quanto ele tinha escutado e tão pouco tinha ciência do conflito entre ele e o outro após sua briga, e aquilo daria certa vantagem que lhe permitiria acalma-la pra poder então depois questionar sobre tudo.
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Alicia Harrison Klaxfor
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MensagemAssunto: Re: Floresta Protegida   Floresta Protegida Icon_minitime26/5/2020, 20:51


A que ponto ela tinha chegado! Encolhida no meio da floresta, com a calça suja de terra e algumas folhas presas em seu cabelo, tremendo de frio e de dor. Era como se a ferida reabrisse e ela revivesse toda aquela dor de novo... A dor ao ver Ethan preso naquela cama de hospital. A dor que sentiu quando ele perguntou quem ela era. A dor da solidão... E a pior de todas: a dor da culpa. Nada tirava de sua cabeça que aquele ataque não fora uma mera coincidência. Mas não era momento para pensar nisso. Agora, ela tinha que conseguir se recuperar, limpar tudo aquilo e esperar Ethan para a detenção. Ethan. Ouviu a voz do garoto a gritando e seu rosto se encheu de desespero. Ele não podia vê-la daquela forma deplorável, como se fosse uma garota fraca e indefesa, mas as lágrimas não paravam de cair e suas mãos e pernas tremiam tanto que era como se ela não tivesse mais controle de seu corpo.

Alicia não chegou a responder, mas Ethan a encontrou embolada nas raízes daquela árvore e, quando ele se sentou ao seu lado e a puxou para um abraço, não pôde evitar. O choro explodiu copiosamente e não havia forças suficientes para manter a compostura. Devia estar horrível naquele momento, mas tudo o que ela queria era ficar ali acolhida no peito dele para sempre. Segura de tudo e de todos. Ethan lhe trazia tanta segurança, tanta paz, que, aos poucos, o choro foi se reduzindo a soluços que ficaram cada vez mais espaçados, até que tudo o que restou de seu ataque de choro foram as lágrimas secas em suas bochechas. – Eth... – Ela esfregou os olhos ao se afastar do peito dele e tentar se manter mais apresentável. Há algumas horas, eles dividiram momentos íntimos e, agora, o casaco dele estava molhado com suas lágrimas. Como o mundo dá voltas. – Desculpa, não era pra você me ver assim. – Ela abaixou os olhos e tentou colocar o cabelo atrás da orelha e tirar algumas folhas dele no processo.

- Você viu, não viu? – Continuou com os olhos abaixados, voltando a se encolher um pouco. – Eu sabia que ele ia ficar bravo por eu não ter vindo com ele para o acampamento, mas nunca pensei... – Franziu o cenho, encarando uma raiz. – Ele, mais do que ninguém, devia entender... Depois de tudo... – Só então se deu conta do que estava falando e com quem, e voltou a mexer no cabelo, tentando desconversar. – Enfim, espero que o tapa tenha feito ele entender. – E, pela primeira vez naquela noite, Alicia sorriu. Um sorriso que virou uma leve risadinha e, depois, uma risada maior. Ela olhou para Ethan, compartilhando com ele aquele momento que fora de dramático a cômico em alguns minutos. Agora, parando para pensar, a situação era mesmo engraçada, parecia aqueles clímax de filmes adolescentes melodramáticos trouxas que ela nunca gostara. – Olha o estado do meu cabelo! – Exclamou, ainda rindo, tirando um graveto do cabelo. – E que frio! Com a situação toda, eu nem percebi que tinha esfriado tanto... – Continuou falando, como sempre fazia nessas situações constrangedoras, enquanto tirava uma jaqueta xadrez da mochila, a mesma que havia levado para o passeio daquela manhã. Isso a fez lembrar de tudo o que tinha acontecido, principalmente, a parte em que eles foram vergonhosamente flagrados pela professora, e ela respirou fundo antes de vestir a jaqueta. – Será que a professora está nos procurando em algum lugar?

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Ethan Löhn. kavanaugh
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MensagemAssunto: Re: Floresta Protegida   Floresta Protegida Icon_minitime26/5/2020, 21:51

O garoto sentia seu corpo sacudir a medida que o choro de Alicia aumentava e entendia bem como o emocional das meninas conseguia ser bem mais afetado que o dos meninos. Tristeza, medo, frustração, raiva.. tudo era motivo pra choro. Apenas apertou-a mais contra si aguardando o tempo que fosse preciso até ela retomar sua estabilidade. E passados cinco longos minutos - na terra do tempo parado - ouvira seu nome naquele tom de voz manhoso ao se afastar. Espera aí.. ela estava  mesmo se desculpando?! Se aquilo era motivo de pedir perdão, imaginou o que seria preciso fazer para que ela o desculpasse após virar a cara de Roy 360°. Pensando assim, achou melhor não dizer, contando com a sorte e obviedade do babacão também guardar para si o murro que levou no meio da floresta.

Ethan manteve-se em silêncio prestando atenção em cada palavra da garota, o que o ajudava a juntas as peças de seu quebra-cabeças que começava a fazer algum sentido, pensava ele. A mesma pareceu ter percebida falar de mais, chegando ao ponto em que o sonserino desejava, um motivo pra tocar no assunto sem parecer insensível. A risada histérica ele o balbuciar não o enganariam, sequer desviariam o foco da sua atenção. A encarava sério, não conseguia disfarçar e a dor latejante em sua mão era um ótimo memorando. — Mesmo te conhecendo ao que parece pouco tempo, pra mim é o suficiente pra perceber que você tem algo pra me contar.. sim, eu vi! Na verdade, eu ouvi toda a discussão, incluindo o motivo que a levou a partir pra agressão. — Permaneceu a fita-la, fazendo questão que ela entendesse a seriedade da situação.

Seu corpo começava a esfriar da adrenalina, o que agora o permitia sentir ainda mais frio do que na hora que entrara pelo bosque. A umidade atravessando o tecido do jeans, atingindo partes que não deveriam ser tocadas por frio algum. Alicia lhe devia respostas, ele merecia isso! Àquela altura pouco se importava com a possibilidade de Cheryl procurando por eles.. o que ela poderia fazer? Aplicar a detenção da detenção?! Talvez da próxima vez fosse um pouco mais esperta e separasse os dois durante o castigo. Revirou os olhos em pensamentos se dando conta da ironia naquilo tudo. E, julgando tempo suficiente para uma pausa silenciosa entre ambos.. Novamente investiu. — Se você realmente sabe quem sou como disse ainda pouco, deve ter a certeza de que eu não vou a lugar algum sem uma explicação. — Findou. Nunca antes havia precisado ser tão firme assim, e apesar de desejar sair dali e voltar para barraca e o aconchego de sua cama quentinha, queria ainda mais a resposta pra sua pergunta.
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Alicia Harrison Klaxfor
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MensagemAssunto: Re: Floresta Protegida   Floresta Protegida Icon_minitime26/5/2020, 22:49


Alicia cruzou os braços, tentando se aquecer embaixo da jaqueta conforme seu corpo parecia tremer cada vez mais com o olhar de Ethan. Não havia mais motivos para riso. Era o mesmo olhar que ele lançara para ela no Três Vassouras quando desconfiou que ela escondia algo. Ethan a conhecia tão bem, quanto ela o conhecia, não tinha como negar. Não, ele não estava nem um pouco no clima de brincadeira. Alicia abaixou os olhos, sabendo sobre o que ele perguntava, mas sem fazer a mínima ideia de como falar sobre aquilo. “Você me amava”. Três palavras aparentemente tão simples, mas pareciam conter pregos afiados que as impediam de saírem por sua garganta. E se ele se assustasse? E se não acreditasse e pensasse que ela era uma louca obsessiva? Ou pior, e se o Roy estivesse certo e ele quisesse só passar um tempo com uma garota legal que parecia gostar tanto dele? – Eu sinto muito. – Agora, foi sua vez de dizer. – É complicado...

Sua perna começou a ficar dormente e ela voltou a descer as mãos pelos joelhos e a puxá-los em direção ao seu peito. “Maldito Roy!” Se ele não tivesse armado aquela ceninha, nada disso estaria acontecendo. Ethan e ela estavam tão bem! Bom, tirando a parte de terem sido pegos quase nus naquele barco, o relacionamento deles estava ótimo! Finalmente, ela conseguira recuperar o tempo perdido e voltar até o momento onde sua vida parecia ter parado há quase três meses e acontecia isso?! – Sobre o dia do acidente, eu... Eu tenho sim uma coisa para te contar, mas... – Voltou a encará-lo, suplicante. – Por favor, não pense que foi de propósito. Quando você acordou e perguntou quem eu era, foi um choque tão grande que eu não soube o que fazer. Achei que detalhes demais te assustariam ou poderia piorar as coisas...

O olhar impaciente apareceu nos olhos azuis de Ethan e ela suspirou, sabendo que era hora de ir direto ao ponto. Engraçado como conhecia ele tão bem, até nos olhares. – Nós sempre íamos ao Três Vassouras por causa da promoção da cerveja amanteigada em dobro, isso é verdade, mas... Não naquele sábado. Diferente dos outros, você me enviou um convite, como se fosse um encontro. – Sentiu suas bochechas corarem e voltou a abaixar os olhos. – Naquele sábado, você se declarou para mim e eu me declarei para você. Declaramos que queríamos ser mais do que amigos, que tínhamos sentimentos um pelo outro que iam além... – Apesar do momento tenso, Alicia conseguiu esboçar um leve sorriso ao ter sua mente inundada com as memórias do início daquele dia. Seu nervosismo ao escolher o vestido, o medo de ser rejeitada por Ethan, a felicidade quando ele segurou sua mão com tanto amor... – Você segurou a minha mão... – Ela levantou os olhos devagar ao proferir cada palavra. – Disse que ficaríamos juntos para sempre. Eu sonhei tanto com aquele dia e tudo foi arrancado de mim alguns minutos depois. – Suspirou, piscando devagar para não cair no choro novamente. Estava cansada de chorar. – Você mal acreditava que tinha perdido a memória, imagina se eu te contasse isso?! Eu tive medo de te perder ainda mais. E depois... Você queria tanto construir memórias novas e estava tudo indo tão bem... Me desculpe, Ethan.

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MensagemAssunto: Re: Floresta Protegida   Floresta Protegida Icon_minitime29/5/2020, 03:03

Além dos sons que a noite produzia naquele bosque, o garoto conseguia ouvir a própria respiração antes de Alicia começar a se pronunciar. Era óbvio que era complicado. Desde o acidente que o levou a perder sua memória até aquela tarde onde foram humilhados no lago. Tudo era bastante complicado sim, desejou dizer, mas não podia interrompe-la, e por isso contentou-se em observa-la novamente encolhida ao abraçar as próprias pernas. ''Você deve estar com frio.. Com certeza está com frio! Talvez se eu..'' A mente começava a apelar pro seu instinto protetor, uma distração. Voltou sua atenção à explicação que recebia. Como assim detalhes de mais poderiam piorar as coisas? Não havia como piorar e ela saberia disso se tivesse em seu lugar, dias desacordada sem saber o motivo.

''Você não fez isso!'' Tentou conter o olhar acusador conforme terminava de montar todas as peças do próprio quebra-cabeças. Ela prosseguia, e de repente contava aquilo como um conto fantasioso de amor. Ethan não conseguia esboçar reação alguma e tão pouco dizer qualquer coisa, com medo de não saber calcular suas palavras. Coisas de mais passavam pela cabeça do garoto naquele momento. Alívio, desconfiança, alegria, receio, decepção, raiva. Sim! Raiva por ter perdido o direito de saber sobre a própria vida. Uma parte extremamente importante dela por assim dizer. Mas, será que era verdade? Então, começou a suspeitar. Alguém que ocultasse algo como aquilo seria capaz de mais o que? Seria Alicia uma daquelas meninas manipuladoras que agiam da forma que lhe convinha para benefício próprio? Afundou-se no olhar da garota optando em reforçar o silêncio.

''Eu não acredito nisso, você não é assim, Alicia! Eu te conheço mais do que pensa. Mais do que eu mesmo consigo imaginar.'' Apesar do enorme ponto cego, não podia negar que o sentimento era sincero e os olhos azuis celeste da sonserina, que naquele instante tinham uma tonalidade estranhamente mais escura que o normal mostravam toda a verdade. Seria suficiente? — Eu.. Sinceramente não sei o que espera ouvir de mim. — Assumiu baixo, sua voz quase inaudível. Cortando o contato visual ao encarar o chão sob eles. — Por que, Alicia? — Perguntou mesmo sabendo o porquê. Mesmo ela tendo acabado de se explicar. Então, reformulou; — Por que escolheu me deixar no escuro desse jeito? Você me privou da verdade completa. — Respirou fundo com indignação, sem pensar e um pouco impaciente com o frio que penetrava suas calças, levantou subitamente.

— Então quer dizer que não é novidade pra você? O que isso tudo significa? Eu sou tão idiota! — Começava a falar mais consigo mesmo do que com a garota, enquanto caminhava de um lado para o outro frente a mesma, Com os dedos enterrados nos cabelos e ambas as mãos presas a cabeça, sem saber se ela havia permanecido sentada ou se levantara também. — Tês meses.. Foram três meses convivendo com um total breu sobre quem você é e o que representa na minha vida. Tantas coisas poderiam acontecer diferentes.. — Interrompeu-se e parou de zanzar. De fato, muito poderia ter sido diferente, incluindo o acontecimento mais recente entre os dois. Não teria mudado aquilo. — MAS QUE DROGA, ALICIA! — Maneirou a voz entre um grito e falar mais alto deixando os braços despencarem demonstrando cansaço. E novamente virou-se para ela. — Eu sinceramente não sei o que espera ouvir de mim. — Repetiu amargurado.
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MensagemAssunto: Re: Floresta Protegida   Floresta Protegida Icon_minitime29/5/2020, 22:48


- Eu sei... – Ela começou a responder, mas foi interrompida pelo garoto que, aparentemente, não ouvia mais nada, só os próprios pensamentos. Alicia sabia que a reação dele não seria totalmente amigável e despreocupada, mas não conseguiu deixar de se surpreender, como se, omitir aquela parte, tivesse mudado toda a vida dele. O que ele esperava que aconteceria? Então, caso ela tivesse contado tudo lá na beira da cama do hospital, ele simplesmente a abraçaria, beijaria e a aceitaria como uma suposta namorada, mesmo sem se lembrar dela? Em algum momento, ele pensou como aquilo era difícil para ela também? De início, Alicia se sentiu culpada pela omissão que não configurava necessariamente uma mentira porque, tecnicamente, eles não tinham nenhum compromisso oficial. Não tiveram tempo... Mas, agora, ao ver Ethan se levantar e fazer aquele showzinho do orgulho ferido, ela começou a sentir raiva. – Não foi bem assim... – Ela ainda tentou amenizar a situação para que eles voltassem a conversar, mas foi novamente interrompida, agora com um grito. A sonserina arregalou os olhos, confusa com a situação.

Nunca. Em hipótese alguma, Ethan havia levantado a voz para ela. Claro que ele já a gritara no corredor entre uma aula e outra, e claro que ela já soltara uns gritos no dormitório sonserino quando ele se recusou a levantar no horário marcado, mas nunca daquela forma. Nunca em uma situação daquelas. Alicia estreitou os olhos e se levantou devagar, mantendo os braços cruzados tanto pelo frio, quanto pela tensão do momento. – Com certeza, eu não esperava isso. – Sua voz soou gélida, assim como o ar gelado que circulava ao redor deles. Sua pele quase brilhava de tão pálida e seus olhos escurecidos mal lembravam o tom azul que brilhara mais cedo quando estavam no lago. Ela deu um passo a frente, sem desviar o olhar. – E o que VOCÊ esperava de mim, Ethan? Eu sei que você não se lembra, mas eu também estava lá. Eu também fui atacada! Não acabei em coma graças a você e sou imensamente grata, mas, quando as suas memórias sumiram, as minhas continuaram. – Meneou a cabeça em negativa com uma expressão de dor. – Você tem ideia do que é isso? Todas as lembranças, todas as histórias, todo esse amor... – Apertou os braços sobre o peito. – E não há mais ninguém para dividir. Você era a outra metade disso tudo e foi arrancado de mim de uma hora para outra e VOCÊ QUERIA QUE EU FIZESSE O QUÊ? – Ela virou as costas e respirou fundo. Nunca tivera problemas em mostrar seus sentimentos e emoções diante de Ethan, mas, não queria fazer isso agora. Não queria que ele visse o quanto ela ainda sofria. O quanto era difícil para ela seguir em frente e criar memórias novas, como ele tanto queria.

Se pegou lembrando das palavras de Roy. “Ele não é o Ethan”. E, por uma fração de segundos, se perguntou se ele não estava certo. Estava tão desesperada em retomar sua vida que enxergara nele uma pessoa que não existia mais. – Você queria lembranças novas. – Começou, ainda de costas para ele, mirando o vazio. – Eu não podia tirar isso de você. Você já tinha perdido tanto e, no fim, o que mudaria? Só te jogaria o peso de saber que a perda era maior ainda do que você pensava. – Alicia limpou algumas lágrimas que, depois de tanto tempo, já caiam sem ela nem perceber, e se virou para Ethan, com uma expressão mais resoluta. – Eu sinto muito se você se sentiu traído de alguma forma, mas eu não me arrependo. Fiz o que achei que era certo e que poderia evitar dores maiores e eu não faria nada diferente. – O encarou por um instante. Já que tudo estava sendo jogado no ventilador, que assim fosse. – Mas, se está de repente tão interessado em suas memórias perdidas, não tenho nenhum problema em te contar quem você realmente é. Você nunca jogou quadribol porque eu tinha medo que se machucasse, não tinha muitos amigos porque passava a maior parte do seu tempo comigo, nunca leu um livro inteiro e eu fazia todos os seus trabalhos, em todas as detenções que eu estive até hoje foi por sua culpa e você me amava. – Alicia parou, sentindo o corpo tremer um pouco. – Não sei por quanto tempo você me amou e nem por que, mas, naquele sábado, você me amava e, quinze dias depois, não amava mais. Agora, experimenta contar isso para alguém que não sabe quem você é e, depois, venha me julgar.

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Ethan Löhn. kavanaugh
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MensagemAssunto: Re: Floresta Protegida   Floresta Protegida Icon_minitime4/6/2020, 01:57

Alicia se justificava, parecendo esconder-se atrás da própria dor causada pelo mesmo ataque. E mesmo assim, suas palavras não conseguiam surtir o esperado efeito emocional no sonserino que a observava em silêncio. Ela não fazia ideia, e decidiu que seria melhor não dizer o que pensava, já que a mesma já demonstrava total frustração, descabida, ao ver de Ethan. Jamais ela poderia se igualar daquela forma. Ela teve suas escolhas a todo momento, diferente do garoto, que injustamente fora ocultado da própria verdade. Não devia importar como seria sua reação.. A primeira opção deveria ser SEMPRE contar-lhe toda a verdade. E o fato de não ter acontecido conforme esperado, o fazia sentir-se traído de alguma forma. Sentia que devia estar preocupado com a falta de aparição de Cheryl, mas naquele momento não conseguia pensar em nada além do caos que o prendia ali naquela discussão com a sonserina.

Indo de contra toda a raiva que sentia naquele momento, as lágrimas da garota lhe cortavam o coração. Apesar de tão irritado pela suposta traição, não suportava vê-la chorar e continha a vontade de encurtar o espaço que os separava para aperta-la num abraço impossível de sair. Ao contrário disso, seu corpo não obedeceria nenhuma ordem, estagnado, imóvel quase como se congelado enquanto ouvia tudo o que suspeitou. ''..nunca leu um livro inteiro e eu fazia todos os seus trabalhos, em todas as detenções que eu estive até hoje foi por sua culpa...'' Aquilo parecia realmente o tipo de coisa que o descrevia bem, e pela primeira vez depois de muito tempo, tudo começou a fazer total sentido. Mas, Ethan era turrão de mais pra assumir que a tarde que passaram no lago, refletia bem tudo aquilo o que Alicia descrevia de seu passado. Na verdade, seu orgulho estava ferido.

Suspirou sentindo o ar frio ressecar sua garganta, em seguida engoliu a bile ali presa. — Você precisa entender.. — Iniciou e pausou repensando as palavras.. Imaginando que aquele caminho o levaria ao revide e os dois poderiam permanecer naquele jogo de empurra pelo resto da noite. Pigarreou. — Eu não sou o Ethan que o teu amigo descreveu.. E provavelmente não seja também o Ethan que você conheceu ha meses atrás antes do acidente.. —  Passou a mão no cabelo, um tanto confuso consigo mesmo. Será que estaria escolhendo bem as palavras? A que lugar aquilo o levaria? — A verdade é que agora é difícil dizer quem sou ou o que eu quero. Eu.. Eu sabia bem o que queria hoje cedo, Alicia. — A medida que falava sua voz embargava e seu rosto esquentava. Odiava aquela sensação de impotência e por isso desviou o olhar pro chão, sentindo os ombros pesarem. — Isso é muito mais do que confuso. É louco! Muita coisa pra digerir em uma noite. Desculpe. — E seu pedido de perdão saíra quase inaudível. 

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MensagemAssunto: Re: Floresta Protegida   Floresta Protegida Icon_minitime4/6/2020, 02:09


“Eu sabia bem o que queria hoje cedo, Alicia.” Aquelas palavras ecoaram por sua mente, não conseguindo mais se focar em qualquer coisa que ele dizia ou dissesse. Não importava. Ele sabia o que queria naquela manhã, mas não sabia mais agora. Alicia permaneceu em silêncio, encarando o vazio atrás da cabeça de Ethan, sem conseguir achar um sentido naquilo tudo. Ele estava certo, não era o Ethan que Roy descreveu. Porém, Roy também estava certo, aquele não era mais o seu Ethan. Então, quem era o garoto tão familiar, mas tão desconhecido a quem ela quase se entregou naquele barco? Alicia sentia como se tivesse rodado em círculos e parado novamente na mesma situação em que estava há três meses atrás quando Ethan acordou no hospital. – É, você não é ele. – Sua voz soava estranha aos seus próprios ouvidos, como se fosse outra pessoa falando de algum lugar longínquo. Um eco. – O meu Ethan... Eu realmente sinto muito pelas suas memórias. – Focou os olhos nos olhos azuis do garoto, bem mais escuros do que o normal, não sabia se pela luz opaca da Lua, ou se pela tensão do assunto. – Mas, se serve de algum consolo, você não era uma pessoa ruim nem fez nada que deva se envergonhar. Algumas detenções nunca fizeram mal a ninguém.

Pela primeira vez naquela conversa, Alicia se permitiu esboçar um leve sorriso e voltou a se sentar sobre a raiz da árvore, vencida pelo cansaço e pelo frio. “Devia ter trazido uma blusa mais quente.” Pensou ao abraçar a jaqueta xadrez. – Aliás, essa blusa é sua. Uma coisa que eu tenho que admitir é o seu bom gosto para roupas. – Ela sorriu novamente, apertando os lábios, antes de voltar a encarar o vazio da escuridão da floresta. Onde estava a professora? Será que a detenção era, na verdade, fazê-los congelar até a morte no meio da floresta? Os professores estavam cada vez mais criativos nas punições. O silêncio era ensurdecedor e Alicia podia sentir como se a floresta se fechasse sobre eles, se é que isso era possível, de tão densa e tão escura. Podia-se dizer que o mundo não dá voltas, ele capota. Quem diria que, há algumas horas, eles estiveram compartilhando um momento tão íntimo em um barco à deriva no meio do lago e, agora, pareciam tão estranhos um ao outro. Como colocar dentro da cabeça que uma pessoa não é mais quem costumava ser? Como apagar todo aquele amor? – Eu amava o Ethan. – As palavras saíram fracas, pouco mais do que um sussurro, jogadas no ar frio da noite. – Desde o início, eu me apaixonei por ele. Era algo infantil no início, como eu acho que costuma ser para todo mundo, mas depois ficou tão real. Quando ele disse que me amava também, foi o dia mais feliz da minha vida. – Encarou os olhos confusos de Ethan que provavelmente devia estar achando que ela enlouquecera. Afinal, ele era o tal Ethan de quem ela falava como se fosse alguém que não estava ali, que não estava mais entre eles.

- É, ás vezes, eu também acho que estou ficando maluca. – Alicia voltou a abrir um sorrisinho, mas, igual ao que aconteceu com os outros, seus olhos não acompanharam a alegria que um sorriso deveria ter. Ela estava cansada demais. – Quando você acordou, eu achei que tudo ia voltar ao normal e a gente ia retomar de onde tinha parado no Três Vassouras. Aí, você não se lembrou de mim. Depois, sugeriu que começássemos de novo e criássemos memórias novas. – Ela suspirou. – Eu não quis te dizer que nunca seria a mesma coisa porque o meu amor por você já estava aqui, e não quis te cobrar um amor que você não sentia mais. Ao mesmo tempo, eu nutri esperanças de que você pudesse se lembrar de algo... – Meneou a cabeça em negativa. – Me desculpe... Eu devia ter te deixado em paz e poupado nós dois de tudo isso. – Não tinha mais nada a ser dito, e Alicia temia que nunca mais teria. A partir do momento em que fora reconhecido que ele não era o mesmo Ethan e que nada nunca mais seria da mesma forma, o que mais sobrava? Pela primeira vez desde que ele acordara, não havia ilusões nem esperanças. De alguma forma, Alicia se sentia aliviada por tudo ter sido finalmente colocado às claras, porém, ela também se sentia vazia. Não havia mais o que esperar ou ansiar. Só havia o vazio e a dor. Uma excruciante e sufocante dor.

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MensagemAssunto: Re: Floresta Protegida   Floresta Protegida Icon_minitime4/6/2020, 02:56

Ouvir Alicia afirmar num tom tão seco o que o próprio garoto acabara de dizer provocou-lhe uma pontada de arrependimento. '' É, você não é ele.'' E aquelas poucas palavras repetiam-se em sua cabeça distraindo-o do que a mesma continuava a dizer. Naquele instante preferia não ter descoberto a verdade, pois, uma vez oculta, que mal faria permanecer assim? ''Lembra como a gente tava bem? Não podia continuar daquele jeito? Só você e eu, sem a intromissão não planejada daquele filho de uma..'' Suspirou chateado, deixando que toda a emoção de raiva se amenizasse com o soprar de sua respiração. Observou a garota voltar a sentar na raiz da árvore e muito o impressionava em como apesar do clima daquela discussão ela conseguisse permanecer tão branda. E continuou..

O sosnerino aproveitou a deixa do pequeno monólogo de Alicia e sorrateiramente sentou-se ao lado dela, ouvindo em silêncio suas palavras mais sinceras, reforçadas por um penetrar de olhar profundo seguido de um pequeno sorriso. Aquele sorriso que provocava-lhe uma estática inexplicável. Não como a mesma estática que acontecera no barco, era algo diferente. Então, tendo conseguido ouvi-la melhor, começou a entender que de fato não podia culpa-la por tudo. Teve o tempo necessário para se colocar em seu lugar e chegou a conclusão de que bem provavelmente tivesse agido da mesma forma. — Sinto muito que as coisas não tenham saído da forma como você esperava.. Ou como era pra ter sido mesmo. — Comentou entre o pequeno intervalo da garota num suspirar e a mesma continuou seu raciocínio.

Não havia muito mais o que Ethan pudesse dizer que agregasse naquela conversa. ''Eu te perdoo, Alicia!'' Escolheu guardar para si a declaração. ''Mas você não precisa de mais palavras, e sim de atitudes. Mas como ou o que fazer?'' Voltou a fixar seus olhos nela, ignorando o frio que provocava um tremor incessante em sua coluna, que mais um pouco lhe faria ranger os dentes. Logo percebeu que se ele estava com todo aquele frio, com certeza ela estaria ainda mais. Reconhecia a blusa que Alicia usava e sabia que não agasalhava o suficiente para aquele clima. Então tomou a liberdade de passar o braço em volta de seu ombro, puxando-a para si como fizera pouco antes de todo o alvoroço. Confortando-a num abraço que agora parecia totalmente estranho. ''Acho que você finalmente conseguiu estragar tudo, Ethan!'' Fechou os olhos por um instante ao inalar o suave aroma de frésia que emanava de seus cabelos, misturado ao cheiro da folhagem umedecida pelo tempo ao seu redor.

— Eu me arrependo imensamente por ter agido com você daquela forma quando acordei. Acho que nunca cheguei a me desculpar por aquilo. E, por dias justifiquei para mim mesmo aquele comportamento colocando a culpa no acidente que me fez ficar desacordado, como se fosse apenas uma confusão. — Tomou a vez de falar, aproveitando a forma como aquele abraço lhe cortava o contato visual e também a possibilidade do julgar no olhar da garota. — Me perdoa por ter te tratado tão mal. Me perdoa por te fazer se sentir insegura a ponto de não conseguir me contar a verdade. Por afasta-la por semanas e por fugir de você algumas vezes. Me perdoa por não ser o Ethan de antes do ataque. — Embargou a voz. — Por não corresponder o sentimento da maneira que você queria. Mas, eu não menti quando disse que queria novas memórias.. — Afastou-se num impeto de coragem para encara-la. — Apesar de toda a história ser revelada, eu ainda não me lembro, Alicia.. Não consigo sequer imaginar como eramos. Mas.. — Com relutância esboçou um pequeno e sugestivo sorriso. — Prometo não esquecer das novas memórias que nós vamos criar. — E dito isso, roçou seus lábios nos dela, depositando ali um selinho carinhoso que findava seu pedido de desculpas.
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Alicia Harrison Klaxfor
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MensagemAssunto: Re: Floresta Protegida   Floresta Protegida Icon_minitime5/6/2020, 01:32


Sentir os braços dele ao seu redor era como estar no abrigo mais seguro do mundo. Não importava quantas vezes ele perdesse a memória, Ethan sempre teria aquele efeito sobre ela. Alicia se permitiu recostar o corpo contra o dele e respirar fundo aquele cheiro amadeirado que ela adorava. Ouvi-lo falar daquela forma, cortava seu coração, pois não queria que ele se sentisse culpado, já que sabia que não era culpa dele. Ethan era tão vítima quanto ela e perdeu tanto com tudo isso... Praticamente, ele perdeu três anos de sua vida, já que a maioria de suas memórias era com ela. As brincadeiras, as aulas, os momentos tristes e os felizes... Tantos passeios, tantas descobertas... Tudo perdido por um motivo que ela ainda não sabia e que ainda a intrigava. Tudo o que ela queria era tê-lo de volta, mas será que tinha parado para ver o lado dele? O que ele sentia? O que estava passando? Não demonstrou nenhuma resistência quando o garoto a afastou um pouco e encostou seus lábios nos dela, como mais cedo lá no barco. Não importava que a professora poderia aparecer a qualquer momento, ela queria e precisava muito daquele beijo.

- Não se desculpe... – Alicia começou, deslizando a mão pelo rosto dele em um gesto de carinho. – Não foi sua culpa. Eu queria tanto ter a minha vida de volta que acabei esquecendo o que realmente importa, que é você estar bem. Apesar de tudo, você está vivo e bem, e eu sou tão grata por isso. – Esboçou um leve sorriso, voltando a apoiar a cabeça no ombro dele. Se pudesse, Alicia queria ficar ali para sempre, mesmo com o frio e a umidade que devia estar acabando com sua pele e o seu cabelo. – A gente pode ir devagar até você me alcançar nas memórias e nos... Sentimentos. – Engoliu em seco quando pensou melhor no que havia acabado de dizer. Será que, algum dia, ele a amaria de novo? Ele sentiria tudo o que ela sente e dividiria uma vida com ela de novo? – Não que eu esteja esperando algo... – Ela levantou a cabeça novamente, sentindo o rosto esquentar apesar da brisa gélida. – É que ainda é confuso para mim, sabe. Acho que as minhas memórias não servem mais para o novo Ethan e eu vou precisar te conhecer de novo. – Levantou os olhos para encarar os dele pela primeira vez desde que tocara no assunto dos sentimentos. – Eu quero te conhecer, Ethan. Sem fantasmas do passado, sem expectativas nem comparações. Eu só quero conhecer você.

Uma sensação estranha de borboletas no estômago trouxe um sentimento de expectativa que Alicia não sentia há muito tempo. Como seria conhecer Ethan de novo? Bom, ela já sabia que não seria como foi na primeira vez, já que ela não estava sofrendo bullying em um banheiro e ele não tinha mais 12 anos. Como seria conhecer o Ethan quase adulto cheio de desejos, sonhos e expectativas? Será que, se eles não tivessem se conhecido ainda quando crianças, teriam seguido por outro caminho e acabado seminus à deriva em um barco? Com certeza, ela não teria olhado para ele de forma tão inocente se o que ela tivesse à sua frente naquele banheiro fosse aquele rapaz tão lindo e sedutor... Sacudiu levemente a cabeça antes que acabassem sendo pegos pela segunda vez fazendo exatamente o que os levara até ali, o que seria, no mínimo, muito irônico. – Mas isso não vai acontecer se congelarmos até a morte no meio dessa floresta. – Concluiu, se levantando e sacudindo o pouco que conseguia da terra que impregnara sua calça. – Parece que a professora não vai vim e eu preciso de um bom banho quente e muito hidratante. – Jogou sua mochila sobre os ombros e contornou as raízes sobressalentes da árvore onde estiveram sentados. – Você vem?

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